Um poema de vez em quando (I)
Voz imensa
Somente abrem a paz um sino além, um pássaro...
Dir-se-ia que os dois conversam com o ocaso.
É de ouro e silêncio. A tarde é de cristais.
Embala as frescas árvores uma pureza errante.
E, para além de tudo, sonha-se um rio límpido
que, separando pérolas, foge rumo ao infinito.
Solidão! Solidão! Tudo é silente e claro.
Somente abrem a paz um sino além, um pássaro...
O amor vive longe. Sereno, indiferente,
o coração é livre. Nem triste, nem alegre.
Distraem-no brisas, cores, toques, perfumes…
Nada como num lago de sentimento imune.
Somente abrem a paz um sino além, um pássaro...
Dir-se-ia que o eterno está aqui, ao nosso lado.
Juan Ramón Jimenez, in Antologia Poética, ed. Relógio d’Água
Juan Ramón Jimenez (1881-1956), escritor espanhol, foi Prémio Nobel da Literatura em 1956.
5 Comentaram:
eu diria que nem era necessária a imagem depois de ler :)
fecho os olhos
e está ali tudo...
belo :)
Vim relê-lo, agora com música.
Grande poeta!
Obrigada.
m
Olá Lique,
Começaram as votações lá em casa, aparece.
Beijos
Bin
Amiga,
Vim ler-te e desejar uma boa semana.
Bjs.
lindo e belíssima conjugação poema/canção. Bjs de luz
Enviar um comentário
<< Home