quinta-feira, junho 23, 2005

Um poema de vez em quando (I)






Voz imensa


Somente abrem a paz um sino além, um pássaro...
Dir-se-ia que os dois conversam com o ocaso.

É de ouro e silêncio. A tarde é de cristais.
Embala as frescas árvores uma pureza errante.
E, para além de tudo, sonha-se um rio límpido
que, separando pérolas, foge rumo ao infinito.

Solidão! Solidão! Tudo é silente e claro.
Somente abrem a paz um sino além, um pássaro...

O amor vive longe. Sereno, indiferente,
o coração é livre. Nem triste, nem alegre.
Distraem-no brisas, cores, toques, perfumes…
Nada como num lago de sentimento imune.

Somente abrem a paz um sino além, um pássaro...
Dir-se-ia que o eterno está aqui, ao nosso lado.


Juan Ramón Jimenez, in Antologia Poética, ed. Relógio d’Água



Juan Ramón Jimenez (1881-1956), escritor espanhol, foi Prémio Nobel da Literatura em 1956.

5 Comentaram:

Blogger aDesenhar disse...

eu diria que nem era necessária a imagem depois de ler :)

fecho os olhos
e está ali tudo...

belo :)

3:34 da tarde  
Blogger Madalena disse...

Vim relê-lo, agora com música.

Grande poeta!

Obrigada.

m

12:12 da manhã  
Blogger Bin_tex disse...

Olá Lique,

Começaram as votações lá em casa, aparece.

Beijos

Bin

12:17 da manhã  
Blogger Å®t Øf £övë disse...

Amiga,
Vim ler-te e desejar uma boa semana.
Bjs.

2:46 da manhã  
Blogger Conceição Paulino disse...

lindo e belíssima conjugação poema/canção. Bjs de luz

10:04 da manhã  

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