terça-feira, maio 03, 2005

A queda – Hitler e o fim do III Reich





Quando vi a apresentação, fiquei curiosa. Li depois algumas críticas polémicas e divergentes, o que me decidiu a ir ver mesmo.
Não conheço quase nada do cinema alemão actual. Não saberei dizer, portanto, se o filme de Oliver Hirschbiegel se insere na produção normal ou é uma excepção.
O argumento baseia-se nas memórias de Traudl Junge, secretária pessoal de Hitler de 1942-1945 e no livro de Joachim Fest “Inside Hitler’s Bunker – The last days of the Third Reich” e foca, particularmente, os últimos 12 dias passados no bunker, com o exército russo às portas de Berlim.





Não me pareceu um filme extraordinário. É, sim, um filme como muito boas interpretações, especialmente a do actor que protagoniza Hitler (Bruno Ganz). Também não me pareceu, em nada, um filme gerador de polémica.
Hitler é apresentado como um ditador ,àquela data já sem qualquer controle ou noção da realidade, mas absolutamente sem piedade ou escrúpulos, particularmente no que respeita à população de Berlim. No filme, os fanáticos são isso mesmo, os oportunistas também e a decadência do Reich é claramente mostrada. Claro que, em privado, os monstros como ele podem parecer óptimas pessoas. A aparente afabilidade para com quem ele privava é mostrada, mas imediatamente desmentida quando, como diz Eva Braun, ele passa a ser o Fuhrer.





Positiva parece-me ser a chamada de atenção, 60 anos passados, para o sofrimento do povo de Berlim naqueles dias. Um sofrimento causado não só pelo ataque russo mas também pelas medidas ordenadas por Hitler. Pelo menos, devemos ter consciência que dos dois lados existiu dor. Talvez seja bom que os alemães se libertem do pudor de falar sobre a guerra, do seu lado. Não para que compreendamos atrocidades que nunca terão perdão, mas para que consigamos ver o quadro global.
O filme deixa ainda, no depoimento de Traudl Junge, uma ténue interrogação que penso ser fundamental. Diz ela que a sua juventude, naquela época, não pode ser desculpa para não se ter apercebido de muito do que se estava a passar. E isso conduz-me à minha principal questão: como é que tanta gente não se apercebeu? Não será que olhar para o lado e fingir não ver, não querer saber é, por vezes, a solução mais cómoda? Sei que o medo existia, mas isso não explica tudo.

2 Comentaram:

Blogger bertus disse...

...ainda não vi o filme, talvez nem o veja (há outras prioridades cinéfilas) mas estou dentro, face ao que tenho lido...e não tem sido pouco.
Mas estou aqui a comentar-te sobretudo pela interrogação que deixas no final do teu post.
O que se passou na Alemanha de Hitler, passou-se e passa-se um pouco por todop o lado onde existam ditaduras. O exemplo mais concreto, porque o vivemos (e descontadas as proporções de um e outro caso)passou-se em Portugal e no tempo de Salazar; quantas pessoas (sobretudo aquelas que eram fortemente prejudicadas pela politica do Estado Novo, viviam como se tudo se passasse no melhor dos mundos. Ingenuidade? distracção?. MEDO! Medo até dizer chega!! porque pôr o sistema em causa...era o que se sabia...
As revoluções, as mudanças de regime, raramente são feitas com muita gente; no dia seguinte, sim...
Beijos e intés!!

4:30 da tarde  
Blogger bertus disse...

...afinal (como são as coisas...) acabei por ver o filme...
Diria que pouco acrescenta ao que se sabe sobre o fim do III Reich, de Hitler e dos "seus" mais próximos.
O poder desmedido, cega, enlouquece. E dificilmente, quem convive com ele, não consegue o destanciamento necessa´rio para avaliar os horrores que se cometem.
Traudl Junge, "aprendeu" a aceitar Hitler porque o "via" diáriamente como uma pessoa normal. Mas mesmo não detendo toda a informação sobre as atrocidades nazis, esteve "por dentro" da filosofia do partido...
Voltamos "à vaca fria": só o receio das consequência em se opor, ou a militância assumida, "cegariam" os intérpretes desta história...verídica e monstruosa.

Beijos e intés!!

12:44 da tarde  

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